Apendicite aguda durante o terceiro trimestre da gravidez: complicações e manejo clínico
Apendicite aguda durante o terceiro trimestre da gravidez: complicações e manejo clínico
Data
2024
Autores
Zimmer, Mel Boldrim
Simone, Roberta Leiva
Andrade, Sofia de
Título da Revista
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Título de Volume
Editor
UNISA
Resumo
INTRODUÇÃO: A apendicite é uma das emergências cirúrgicas não
obstétricas mais comuns durante a gravidez, com uma incidência de
aproximadamente 1 em cada 1500 gestantes. Essa condição é mais prevalente
durante os dois primeiros trimestres, com a perfuração apendicular sendo a
complicação mais comum, presente em 55% dos casos em gestantes e
aumentando conforme a idade gestacional. Os sintomas apresentados pelas
pacientes grávidas são variados. No primeiro e segundo trimestres, eles são
semelhantes aos apresentados por não gestantes. No entanto, durante o
terceiro trimestre, podem ocorrer sintomas atípicos devido ao grande
crescimento uterino e à alteração da anatomia abdominal. Assim, quanto maior
a idade gestacional, mais difícil é o diagnóstico de apendicite aguda, o que leva
a um atraso diagnóstico e a maiores complicações materno-fetais.
METODOLOGIA: Revisão bibliográfica, utilizando artigos das bases de dados
PubMed e Scielo. A população de interesse são gestantes diagnosticadas com
apendicite aguda, com foco no terceiro trimestre gestacional. A pesquisa
abrangeu o período de 2011 a setembro de 2023, utilizando os descritores
"Apendicite", "Gestação" e "Terceiro trimestre da gravidez" em português,
inglês e espanhol. RESULTADOS E DISCUSSÃO: O melhor método
diagnóstico para a apendicite durante a gestação é a Ressonância Magnética
devido a sua alta especificidade e nula exposição à radiação ionizante. Durante
a gravidez, a ultrassonografia se torna inviável devido às altas chances de não
visualizar o apêndice. O tratamento padrão da apendicite aguda é a
apendicectomia, que pode ser realizada tanto por via laparoscópica quanto
aberta. Durante o terceiro trimestre, ainda há dúvidas de qual técnica é
preferível. A laparoscopia, apesar de ter diversas vantagens, pode apresentar
algumas complicações durante a gravidez, como danos ao útero gravídico e
intolerância fetal ao pneumoperitôneo, o que pode levar a acidose fetal e
diminuição do retorno venoso materno, com consequente redução do fluxo
sanguíneo fetal. Para diminuir os desfechos adversos laparoscópicos, é
aconselhável iniciar a apendicectomia com a técnica de entrada aberta de
Hasson, com a pressão pneumoperitoneal não excedendo 10-12mm e com o
tempo cirúrgico máximo de 60 minutos, além da mesa cirúrgica posicionada
entre 15-30 graus. As principais complicações da apendicite durante a
gestação são o rompimento do apêndice, morte fetal, abortamento, parto
prematuro e peritonite. Em quadros de peritonite e abscesso peritoneal, a
incidência de perda fetal e de trabalho de parto prematuro aumentam. Além
disso, abcessos e formação de aderências consequentes pela ruptura do órgão
podem dificultar o desenvolvimento de gestações futuras. CONCLUSÃO: Em
suma, conclui-se que o terceiro trimestre gestacional apresenta uma maior
incidência de emergência cirúrgica devido a alterações anatômicas abdominais
significativas, que dificultam e atrasam o diagnóstico clínico, resultando em
uma taxa mais elevada de complicações. Os melhores métodos diagnósticos
são a ressonância magnética e a laparoscopia diagnóstica. Quanto à técnica
operatória, é essencial a realização de novos ensaios prospectivos randomizados para determinar a melhor opção cirúrgica para gestantes,
especialmente durante o terceiro trimestre.
Descrição
Palavras-chave
Apendicite, Gestação, Terceiro Trimestre da Gravidez
Citação
ZIMMER, Mel Boldrim; SIMONE, Roberta Leiva; ANDRADE, Sofia de. Apendicite aguda durante o terceiro trimestre da gravidez: complicações e manejo clínico. Orientador: Claudio Zambotti. 2024. 18 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em Medicina) - Universidade Santo Amaro, São Paulo, 2024.