Recusa e hesitação vacinal em crianças: percepção dos cuidadores quanto ao papel da imunização no Brasil
Recusa e hesitação vacinal em crianças: percepção dos cuidadores quanto ao papel da imunização no Brasil
Data
2024
Autores
Costa, Lucas de Brito
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Resumo
O advento da vacinação é considerado um dos maiores saltos da ciência e vem
auxiliando a perpetuação da humanidade desde o século XVIII. Ao contrário das
demais classes de medicamentos, as vacinas funcionam tanto a nível individual
como comunitário. A hesitação vacinal se conceitua como o atraso na aceitação ou
a recusa de vacinação apesar da sua disponibilidade, sendo fenômeno complexo
influenciado por diversos fatores, dentre eles políticos, religiosos, econômicos,
dentre outros. No Brasil, embora a recusa e hesitação vacinal sejam problemas
cada vez mais corriqueiros, sua mensuração e qualificação ainda são difíceis devido
à escassez de estudos. Embora apresentando um dos mais bem-sucedidos
programas de imunização do mundo, tal iniciativa vem enfrentando quedas drásticas
na adesão às campanhas. Dessa forma, faz-se necessário compreender não só a
frequência, mas também elucidar os fatores causais atrelados à recusa ou hesitação
vacinal dos responsáveis perante seus tutelados. O estudo aqui apresentado
justifica-se pelo preocupante e crescente movimento anti-vacinas, além da
dificuldade na elucidação dos fatores causais à recusa vacinal. Este estudo busca
analisar a frequência e os fatores causais da recusa vacinal de pais e responsáveis
contra os imunizantes disponíveis ao público infantil. Trata-se de um estudo
transversal, com os dados obtidos através da aplicação de questionário previamente
validado aos responsáveis por pacientes de 0 a 12 anos que compareceram à
consulta de rotina pediátrica em três cenários distintos: unidade básica de saúde
(UBS), ambulatório escola de uma universidade e consultório de saúde suplementar.
Como critério de inclusão, os cuidadores deveriam ter mais de 18 anos, sendo
considerada apenas uma resposta por paciente. Foram excluídos da pesquisa
adolescentes maiores de 12 anos e responsáveis que buscaram atendimento
pediátrico em caráter de urgência ou emergência. Os dados foram organizados em
gráficos e tabelas em software computadorizado para análise e interpretação. Para
as análises descritivas foi utilizado o teste qui-quadrado, considerando significativos
valores de p < 0,05. Como resultado, obteve-se n=150 do total de respostas, 50 de
cada um dos tres cenarios analisados, sendo a maioria dos responsáveis em todos
os cenários era do sexo feminino (82,7%) e que a renda familiar predominante na
UBS e no ambulatório-escola era de até 1 salário mínimo (66% e 62%,
respectivamente) e o grau de instrução mais alto nestes cenários foi ensino médio
completo, enquanto no consultório se encontrou ensino superior incompleto e renda
salarial maior que 2 salários mínimos como majoritários. Quanto à recusa vacinal,
os imunizantes mais recusados foram, em ordem decrescente, da COVID-19,
influenza, sarampo, febre amarela e rotavírus. Os motivos elencados à recusa foram
receio de efeitos colaterais agudos ou a longo prazo, seguido da dúvida sobre o
próprio efeito da vacina. O meio de comunicação mais utilizado para obtenção de
informações referentes ao tema vacinação foram as mídias televisivas, sendo
ultrapassada apenas redes sociais no cenário consultório. O estudo conclui
enfatizando a importância das decisões sobre saúde infantil, indicando a
necessidade de construir confiança nas vacinas, adaptar políticas de saúde e
aprofundar investigação das causas de desconfiança para promover melhoria nas
taxas de imunização infantil.
Descrição
Palavras-chave
Vacinação, Imunização, Recusa Vacinal, Crianças
Citação
COSTA, Lucas de Brito. Recusa e hesitação vacinal em crianças: percepção dos cuidadores quanto ao papel da imunização no Brasil. Orientadora: Yara Juliano. Coorientadora: Carolina França. 45 f. Dissertação (Mestrado em Ciências da Saúde) - Universidade Santo Amaro, São Paulo, 2024.