Análise do perfil epidemiológico, características clínicas e principais fatores associados às crises febris em hospital pediátrico do município de São Paulo
Análise do perfil epidemiológico, características clínicas e principais fatores associados às crises febris em hospital pediátrico do município de São Paulo
Data
2023
Autores
Polloni, Claudia Ambrosio
Título da Revista
ISSN da Revista
Título de Volume
Editor
UNISA
Resumo
Introdução: As Crises Febris representam o distúrbio neurológico mais comum
da infância e frequentemente conduzem a consultas em emergências pediátricas. São
classificadas em Simples e Complexas. Sua apresentação pode manifestar-se como
Estado de Mal Epiléptico Febril. Estas crises despertam ansiedade nos pais,
principalmente devido às possíveis implicações futuras. Apesar de haver certo grau
de consenso quanto às formas Simples, quanto à benignidade, ótimo prognóstico e
ausência de relação com alterações neurológicas, a presença de Crises Complexas
tem sido ultimamente associada a um maior risco de lesões intracranianas
subjacentes, atraso do desenvolvimento ou subsequente epilepsia, porém, e
extremamente difícil prever quando e se sequelas ou ocorrências surgirão, e ainda
não há um preditor definitivo para determinar quais pacientes desenvolverão
problemas neurológicos. Objetivos: Este estudo objetiva descrever as características
clínicas e epidemiológicas, além dos principais fatores associados às Crises Febris,
sua relação com recorrências e Estado de Mal Epiléptico Febril, e avaliar o manejo
clínico dos pacientes internados. Métodos: Realizou-se um estudo transversal,
retrospectivo e analítico no Hospital Infantil Sabará, abrangendo o período de janeiro
de 2017 a janeiro de 2023. Foram incluídas crianças de até 5 anos internadas por
Crises Febris, que possuíam prontuários adequadamente preenchidos. Os dados
coletados foram: eletroencefalograma, exame de imagem, dosagem de hemoglobina
e sódio sérico. Resultados: Do total de 322 pacientes, 59% eram do sexo masculino.
Em 72%, tratava-se do primeiro evento de Crise Febril. A mediana de idade do
primeiro episódio foi de 16 meses. Cerca de 28% já haviam apresentado Crise Febril
anteriormente. A etiologia mais comum foi a Infecção de Vias Aéreas, acometendo
240 pacientes. Em 92,9% dos casos, a crise epiléptica surgiu nas primeiras 24 horas.
Dos 322, 53,4% eram Crises Febris Simples e 46,6% eram Complexas. Estado de Mal
Epiléptico Febril foi identificado em 14,9% dos casos. O exame de imagem do SNC
revelou alterações em 2,5% dos casos, enquanto o eletroencefalograma evidenciou
alterações em 17,4% das Crises Febris. Não foi evidenciada relação estatisticamente
significativa entre a presença de prematuridade, intensidade da febre, história familiar,
exame neurológico prévio, cor/etnia, e sexo com a recorrência de Crises Febris. A
frequência em escolas e creches, um eletroencefalograma alterado e a presença de
uma crise Complexa mostraram relação estatisticamente significativa com
recorrências. Nenhuma correlação estatística significativa foi observada entre
prematuridade, história familiar, intensidade da febre, pré-existência de alteração no
exame neurológico e Estado de Mal Epiléptico. Um eletroencefalograma alterado e a
presença de anemia foram estatisticamente mais frequentes nos casos de Estado de
Mal Epiléptico Febril. Conclusão: Os resultados dos estudos acerca do prognóstico
de Crises Febris, considerando recorrências, risco de atraso no desenvolvimento
neuropsicomotor e progressão para epilepsia, divergem. Felizmente, a maioria das
Crises Febris mostra-se inofensiva e breve. O único desfecho adverso relevante a
curto prazo das Crises Febris é a recorrência. A morte causada pela própria crise ou
por tratamento é virtualmente inexistente. A função médica primordial é tranquilizar as
famílias a respeito do bom prognóstico destas crises.
Descrição
Palavras-chave
Crise Febril, Epilepsia, Febre, Estado de Mal Epiléptico, Fatores de Risco
Citação
POLLONI, Claudia Ambrosio. Análise do perfil epidemiológico, características clínicas e principais fatores associados às crises febris em hospital pediátrico do município de São Paulo. Orientadora: Jane de Eston Armond. Coorientadoras: Ana Paula Ribeiro; Regina Grigolli Cesar. 2023. 188 f. Dissertação (Mestrado em Ciências da Saúde) — Universidade Santo Amaro, São Paulo, 2023.