Temperamento animal pode influenciar o ganho de peso, qualidade e congelabilidade do sêmen de touros?
Temperamento animal pode influenciar o ganho de peso, qualidade e congelabilidade do sêmen de touros?
Data
2019
Autores
Braz, Karoline Maria Gil
Título da Revista
ISSN da Revista
Título de Volume
Editor
UNISA
Resumo
O trabalho teve por objetivo avaliar a influência do temperamento animal sobre aspectos produtivos e reprodutivos de touros Nelore, testando-se a hipótese de que animais naturalmente mais reativos apresentam níveis mais elevados de cortisol além de redução nas concentrações séricas de testosterona que podem influenciar o ganho de peso, termorregulação e saúde testicular, qualidade e congelabilidade espermática. Para o estudo foram selecionados 24 touros hígidos da raça Nelore com idade entre 20 e 24 meses. Os animais foram submetidos à análise comportamental envolvendo escore de agitação (EA), mensuração da frequência cardícada (FC), respiratória (FR) e avaliação da velocidade de saída do tronco de contenção (VS). A partir das avaliações comportamentais os touros foram classificados em 2 grupos: RE (reativos = animais mais agitados, assustados e/ou agressivos) e pouco reativos (PR = animais naturalmente mais calmos). Os touros foram acompanhados mensalmente por 4 meses através da dosagem de testosterona e cortisol séricos, ganho de peso diário e total, temperatura ocular e escrotal através de exame termográfico (Flir® T420) e avaliação da ecotextura testicular através de exame ultrassonográfico modo-B. Mensalmente foram colhidas amostras de sêmen (n=4 amostras/touro) através de eletroejaculação, que foram analisadas imediatamente após a colheita através de sistema computadorizado de análise (CASA). Adicionalmente, do grupo inicial de 24 animais foram selecionados 10 touros (n = 5 RE; n = 5 PR) para colheitas de sêmen destinadas à criopreservação. As amostras criopreservadas foram descongeladas e avaliadas quanto aos padrões cinéticos (CASA), integridade de membrana plasmática e acrossomal, potencial mitocondrial, produção de ânion superóxido e níveis de peroxidação lipídica utilizando-se citometria de fluxo (BD LSR Fortessa). Os dados gerados foram submetidos à análise de variância (GLIMMIX®, SAS) sendo verificada a normalidade dos resíduos pelo Teste de Shapiro-Wilk (Proc Univariate) e a homogeneidade das variâncias pelo Teste Qui Quadrado. Os touros do grupo RE apresentaram EA e VS superior em relação aos PR (P < 0,0001). Animais PR apresentaram maior ganho de peso médio diário (PR = 0,25 kg dia; RE = 0,10 kg/dia; P = 0,0418) e total ao final dos 4 meses de avaliação (PR = 468,75 ± 8,19 kg; RE=441,22 ± 8,19kg; P = 0,0195), além de menores concentrações de cortisol sérico quando comparados aos touros RE. A temperatura ocular não diferiu entre os grupos; entretanto, touros RE apresentaram maior temperatura no polo distal testicular quando comparados aos PR (33,56 ± 0,24 Cº; 32,89 ± 0,28 Cº; P = 0,0180; respectivamente). Não foram observadas diferenças na FC e FR entre os grupos. Na avaliação espermática não foram observadas diferenças para a cinética, integridade estrutural ou para o estresse oxidativo das células espermáticas criopreservadas comparando-se os diferentes grupos experimentais. Conclui-se que a reatividade animal exerce influência sobre os níveis de cortisol sérico, ganho de peso e capacidade de termorregulação testicular, não havendo, no entanto, influência sobre a congelabilidade e qualidade do sêmen pós-descongelação. Dessa forma, os resultados da pesquisa sinalizam para a necessidade de seleção animal com base em comportamento, estratégia que pode prevenir perdas relacionadas a queda de produtividade e eficiência reprodutiva de touros de corte.
Descrição
Palavras-chave
Estresse, Reatividade Animal, Reprodução, Comportamento, Bem estar
Citação
BRAZ, Karoline Maria Gil. Temperamento animal pode influenciar o ganho de peso, qualidade e congelabilidade do sêmen de touros?. 2019. Dissertação (Mestrado em Medicina Veterinária e Bem Estar Animal) — Universidade Santo Amaro, São Paulo, 2019.