E quando não é dengue? estimativa do subdiagnóstico de leptospirose e redefinição de áreas de risco usando amostras de pacientes com suspeita de dengue atendidos na rede de saúde municipal de São Paulo

Resumo
Há anos, estudos têm ilustrado as dificuldades no diagnóstico diferencial entre leptospirose e dengue, seja devido à semelhança do quadro clínico, ou mesmo à sobreposição dos períodos de maior ocorrência de ambas as enfermidades. Esse estudo buscou identificar casos de leptospirose humana no município de São Paulo pela detecção da infecção leptospírica em pacientes com suspeita clínica de dengue que não tiveram confirmação da infecção viral. Para as análises, foram utilizadas de forma inédita, amostras de coágulo sanguíneo, obtidos após utilização do soro dos pacientes para a realização do teste de ELISA para detecção da proteína NS1, capaz de identificar pacientes com infecção aguda pelo vírus da dengue. Entre agosto e setembro de 2023, 200 amostras de coágulos sanguíneos foram selecionadas para investigação da presença de DNA leptospírico. A seleção foi feita com base no Distrito Administrativo da residência dos pacientes (DA) de acordo com estudo recente que identificou os DAs com maior probabilidade de apresentar casos subnotificados. Os coágulos sanguíneos foram descongelados e separados do gel após centrifugação por dois minutos com o tubo invertido. Após a recuperação, foi realizada a quebra mecânica do coágulo adaptando a metodologia proposta por Tas (1990) e em seguida, a amostra foi tratada e então, foi realizada a extração do DNA para realização da PCR. Após reação de amplificação de fragmento do gene 16S, foram identificadas 7 amostras positivas (3,5%; IC95% 1.6%-6.7. Todos os controles positivos do processo de extração foram positivos à PCR, com bandas únicas e intensas. Embora o baixo número de pacientes positivos tenha impossibilitado a identificação de áreas de risco para o subdiagnóstico da enfermidade, os resultados indicam a viabilidade da detecção molecular de leptospiras em coágulos sanguíneos, sinalizando uma abordagem alternativa e viável para o diagnóstico precoce e a estimativa do subdiagnóstico da leptospirose. Reforçam também a necessidade de aprimorar métodos diagnósticos precisos para orientar intervenções clínicas e autoridades sanitárias na prevenção e tratamento da leptospirose humana.
Descrição
Palavras-chave
Leptospirose, Dengue, Detecção Molecular, Coágulo Sanguíneo, Subdiagnóstico, PCR, qPCR, Epidemiologia
Citação
LUCCO, Rejane Cristina. E quando não é dengue? estimativa do subdiagnóstico de leptospirose e redefinição de áreas de risco usando amostras de pacientes com suspeita de dengue atendidos na rede de saúde municipal de São Paulo. Orientador: Bruno Alonso Miotto. 2024. 55 f. Dissertação (Mestrado em Saúde Única) — Universidade Santo Amaro, São Paulo, 2024.