Práticas corporais indígenas: jogos, bricadeiras e lutas para implementação da lei 11.645/08 na Educação Física escolar
Práticas corporais indígenas: jogos, bricadeiras e lutas para implementação da lei 11.645/08 na Educação Física escolar
Data
2021
Autores
Pereira, Arliene Stephanie Menezes
Título da Revista
ISSN da Revista
Título de Volume
Editor
Alías
Resumo
Escrever o prefácio deste livro foi um convite a refletir ainda mais agudamente a respeito do que estamos vivendo no contexto brasileiro, bem como aguçarmos a nossa (auto)
crítica ao acompanharmos o que acontece nos demais países da América Latina. É de nosso conhecimento, que as formas perversas do capitalismo, que nunca serão “sustentáveis”, são
retomadas à medida que esse sistema sobrevive por explorar, subjugar e não reconhecer os modos de resistência e as razões de viver dos povos originários do mundo contemporâneo.
O ser humano resiste, recria, reinventa, adapta, transforma e procura manter vivos todos os elementos culturais que lhe caracterizam como tal. É desse modo, que nos humanizamos
mutuamente e por meio de nosso convívio, tornamo-nos cada vez mais humanos, melhores exemplares de nós mesmos, com o sentido de autonomia que nos inspira Paulo Freire.
Este livro remete à capacidade plena de fazer emergir o melhor de si de um ser humano potente, chamado carinhosamente de Stephanie. Nós somos três paulistas de pele escura e de
consciência negra, que assumimos a escrita desafiadora desse prefácio. Temos muito prazer em Stephanie brindar-nos com este presente! Um presente que nos foi conferido por nossas
andanças pela Educação Física brasileira e que agora continuamos caminhando juntos(as) na Terra do sol, Fortaleza, onde encontramos Stephanie, mulher cearense, negra e absolutamente apaixonada por investigar, compreender e divulgar os saberes produzidos por sua ancestralidade no campo da Cultura Corporal de Movimento.
O conteúdo deste livro reflete a intencionalidade pedagógica de resistir da autora, de adentrar e fixar-se no campo de investigação da Educação Física escolar e propor novas
formas de olhar para as práticas corporais das culturas indígenas brasileiras. O contexto em que o livro é publicado é oportuno, pois estamos vivendo diante de mais uma onda conservadora que procura desqualificar as culturas dos povos indígenas e quilombolas que vivem em território brasileiro, ou melhor, sobrevivem em território próprio, usurpado desde 1500 por diversas ondas colonizadoras.
O livro é também um convite ao desafio de encarar a necessidade de pensarmos uma Educação Física escolar na perspectiva dos povos indígenas. Não um faz de conta para o indígena, nem apenas falácias comemorativas no “Dia do índio”! A autora defende um fazer pedagógico intencional, político, decolonial, de resistência, a partir das culturas indígenas
e das práticas corporais que caracterizam a diversidade desses povos seculares existentes no Brasil, o que atende plenamente às intenções da Lei n° 11.645/2008, que instituiu a obrigatoriedade do ensino da história e da cultura indígena nos diferentes componentes curriculares da educação brasileira.
Stephanie situa-nos diante de algumas pesquisas sobre a temática das culturas indígenas e ressalta a necessidade de reconhecermos os processos e as tentativas de aculturação a que
fomos e somos submetidos(as) constantemente, quando incorporamos de modo pouco criteriosa as práticas corporais eurocêntricas. No livro, algumas práticas corporais indígenas
são apresentadas e caracterizadas com suas potencialidades éticas e estéticas de valorizar a partilha e o processo de pertencimento cultural na presença do outro, que nos torna mais
humanos. Vários jogos e brincadeiras indígenas são exemplificados e ilustrados de modo a retratar a beleza dos detalhes originais de suas intencionalidades de jogar e brincar com o
outro.
O lúdico ganha terreno na estética dos corpos indígenas que jogam, brincam, lutam e vivem as práticas corporais nos nomes que revelam as tradições linguísticas indígenas e
que exigem dos não indígenas o desprendimento de tentar pronunciar palavras do tipo: Agú Kaká, Teneju Itãi, Ukigue Humitsutu, Xikunahity e Ketinho mitselü, dentre outras
que desafiam a nossa capacidade de oralidade para que cada um(a) consiga reencontrar-se consigo mesmo(a) e com outros(as) brasileiros(as).
Reforçamos o convite para adentrar e saborear – no sentido de saber – o livro e compreender as relações com os saberes presentes nas práticas corporais, nos jogos, nas
brincadeiras e nas lutas dos povos indígenas por meio da proposta feita pela autora.
Stephanie, agradecemos o desafio que você ofertou-nos como presente, com essa oportunidade de lermos em primeira mão os seus escritos, desejamos que os(as) leitores(as),
ao pegarem este livro nas mãos, recebam o carinho e a potência da vida que recebemos sempre que estamos diante da sua presença. Especialmente no dia de hoje, precisamos dessa
leitura.
Descrição
Palavras-chave
Povos originários, Práticas Corporais Indígenas, Jogos Indígenas, Brincadeiras Indígenas
Citação
PEREIRA, Arliene Stephanie Menezes. Práticas corporais indígenas: jogos, bricadeiras e lutas para implementação da lei 11.645/08 na Educação Física escolar. Fortaleza: Aliás, 2021.