Avaliação da resposta imune sistêmica para a vacina contra o SARS-Cov-2 em idosos que mantinham uma rotina regular de exercícios físicos anteriormente a pandemia

Resumo
Introdução: É sabido que a imunossenescência é um processo que, devido ao progressivo declínio na função imunológica associado ao envelhecimento, acarreta redução da resposta vacinal na população idosa, e este fato gera preocupação na atual situação de pandemia causada pelo vírus SARS-CoV-2, pois, segundo dados epidemiológicos, esta população é a mais afetada na COVID-19. Embora nosso grupo tenha mostrado que idosos praticantes regulares de exercícios físicos apresentem melhor resposta à vacinação, especificamente contra a gripe, quando comparados a idosos não praticantes ou sedentários, as restrições impostas pela pandemia alteraram a rotina desta população e a manutenção da prática regular de exercícios físicos pela população idosa tem sido um grande desafio para todos os envolvidos. Assim, o objetivo deste estudo foi avaliar a resposta imune, tanto celular quanto humoral, à vacinação para COVID-19 em idosos que mantinham ou não uma rotina de exercícios físicos, por pelo menos 12 meses, antes da pandemia. Métodos: Para isso, foram convidados a participar deste estudo 93 idosos de ambos os sexos, com idades entre 60 e 85 anos, que mantiveram uma rotina regular de prática de exercícios físicos por, pelo menos 12 meses, antes do início da quarentena [grupo EF, n=69, subdividido em CoronaVac (n=46) e Chadox-1 (n=23)] ou que não praticavam exercícios físicos regularmente, vacinados com Chadox-1 (NEF, n= 24). Amostras de sangue foram coletadas antes e 30 dias após a administração da segunda dose da vacina contra a COVID-19 (CoronaVac ou ChadOx-1), para determinação dos níveis séricos das imunoglobulinas A (IgA) e G (IgG) e o número de linfócitos T, tanto CD4 e CD8, “naives” (CD28+CD57-), duplo positivos (CD28+CD57+) e senescentes (CD28- CD57+). Resultados: Maiores níveis séricos de IgG foram observados nos 2 grupos de idosos participantes do estudo vacinados com ChadOx-1 pós-vacinação (subgrupos EF - ChadOx-1, p=0,0002 e grupo NEF - ChadOx-1, p=0,0012) do que os valores pré-vacinação. Com relação à imunogenicidade, foi encontrado valores de 39,1% e 56,5% nos subgrupos EF - CoronaVac e ChadOx-1, respectivamente, e 66,7% no grupo NE- ChadOx-1. Maiores níveis séricos de IgA foram encontrados somente no subgrupo EF - ChadOx-1 pós-vacinação do que pré-vacinação (p= 0,0001). Além disso, significativa correlação positiva foi evidenciada somente entre os valores séricos de IgA e IgG no subgrupo EF – CoronaVac pós-vacinação (r=0,295 e p=0,046). As porcentagens de linfócitos TCD4 “naive” (CD28+CD57-) foram menores nos subgrupos EF - ChadOx-1 (p=0,0001) e CoronaVac (p=0,0231), enquanto as células TCD8 “naive” mostraram significativa redução apenas para no subgrupo EF - ChadOx-1 (p=0,0006) pós-vacinação. Quanto aos linfócitos TCD4 e TCD8 duplo positivos (CD28+CD57+), foi observado aumento significativo pós-vacinação em comparação aos valores pré-vacinação apenas para no subgrupo EF - ChadOx-1, tanto para linfócitos TCD4, (p=0,0045) quanto TCD8 (p=0,0172). Por fim, nenhuma diferença foi evidenciada nos linfócitos T senescentes (CD28-CD57+) no momento tanto pós-vacinação em comparação com os valores pré-vacinação. Conclusões: Os voluntários vacinados com ChadOx-1 apresentaram tanto melhor resposta de anticorpos quanto uma significante modulação na porcentagem dos perfis de linfócitos T, principalmente no grupo previamente exercitado.
Descrição
Palavras-chave
COVID-19, Vacina, Imunossenescência, Anticorpos, Linfócito
Citação
SILVA, Brenda Rodrigues. Avaliação da resposta imune sistêmica para a vacina contra o SARS-Cov-2 em idosos que mantinham uma rotina regular de exercícios físicos anteriormente a pandemia. Orientador: André Luis Lacerda Bachi. Coorientadora: Marina Tiemi Shio. 2023. 61 f. Dissertação (Mestrado em Ciências da Saúde) — Universidade Santo Amaro, São Paulo, 2023.