Impacto do polimorfismo para Interferon-Lambda sobre a resposta imune/inflamatória de idosos soropositivos para CMV vacinados com Coronavac
Impacto do polimorfismo para Interferon-Lambda sobre a resposta imune/inflamatória de idosos soropositivos para CMV vacinados com Coronavac
Data
2024
Autores
Nardy, Ariane
Título da Revista
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Título de Volume
Editor
UNISA
Resumo
Introdução: A população idosa configurou-se como uma das mais afetadas pela
COVID-19, particularmente devido a ocorrência dos fenômenos conhecidos
como imunossenescência e “inflammaging”. Tem sido proposto que a infecção
crônica pelo citomegalovírus (CMV), um vírus β-herpes humano altamente
prevalente na população, não somente favorece o desenvolvimento desses
fenômenos, bem como pode impactar negativamente a resposta a vacinação.
Ademais, nosso grupo mostrou que o polimorfismo para o gene do interferon
(IFN)-lambda também influencia na resposta imune tanto à infecção pelo SARS-CoV-2 quanto à imunização com a vacina AstraZeneca/Oxford (ChadOx-1) para
COVID-19 em idosos. Objetivo: Diante disso, neste estudo foi avaliado o
impacto do polimorfismo para IFN-lambda (gene il28B - rs12979860) sobre a
resposta imune/inflamatória à vacinação com CoronaVac para COVID-19 em
idosos soropositivos para CMV. Métodos: Amostras de sangue de 42
voluntários, de ambos os sexos, com idade entre 60 e 85 anos, foram obtidas
antes e 30 dias após a administração da segunda dose da vacina CoronaVac
para análise dos níveis circulantes de IgG específicas para SARS-CoV-2 e CMV,
do perfil de citocinas (IL-6, IL-10, IL-17, IFN-α, IFN-β, IFN-γ e TNF-α),
imunofenotipagem de subtipos de monócitos (clássicos, intermediários e não
clássicos) e linfócitos T (CD4+ e CD8+) “naive” e senescente, bem como para
genotipagem para o polimorfismo (gene il28b - rs12979860) para IFN-lambda.
Resultados: De acordo com a genotipagem, 20 voluntários apresentaram
homozigose para os alelos C/C (grupo Alelo-1), enquanto 5 voluntários
apresentaram homozigose para os alelos T/T (grupo Alelo-2), e 17 voluntários
apresentaram heterozigose (C/T, grupo Alelos-1/2). Com base nesta separação,
valores similares não somente de imunogenicidade foram observados nos
grupos de voluntários (35% para o grupo Alelo-1, 40% para o grupo Alelo-2 e
35% para o grupo Alelos-1/2), bem como dos níveis de anticorpos neutralizantes.
Interessantemente, o grupo Alelo-1 apresentou maiores níveis séricos de IgG
específicos para SARS-CoV-2 (p=0,0269) e das porcentagens de monócitos
intermediários (p=0,017), em contraste as menores porcentagens de monócitos
não clássicos (p=0,0141) no momento pós-vacinação do que momento pré-vacinação. Já, o grupo Alelo-2 apresentou níveis circulantes mais elevados de
IFN-β no momento pré (p=0,0248; p=0,0206) e pós-vacinação (p=0,0305;
p=0,0338) quando comparado aos valores observados tanto no grupo Alelo-1
quanto no grupo Alelos-1/2, respectivamente. Adicionalmente, a análise do
coeficiente de correlação e regressão linear multivariada mostrou que, no geral,
o grupo Alelo-1 mostrou níveis séricos de IgG específicos para antígenos de
CMV positivamente associados a um estado pró-inflamatório sistêmico e à
presença de linfócitos T senescentes. Em contraste, o grupo Alelos-1/2 e, com
maior ênfase o grupo Alelo-2, mostraram níveis séricos de IgG específicos para
antígenos de SARS-CoV-2 positivamente associados a um estado inflamatório
sistêmico regulado. Conclusão: Embora o grupo Alelo-1 (C/C) tenha
apresentado maiores níveis séricos de IgG específicos para SARS-CoV-2 pós-vacinação, a imunogenicidade e a avaliação dos anticorpos neutralizantes
mostraram resultados similares entre os grupos. Além disso, o grupo Alelo-1
mostrou significativa associação com a presença de um estado pró-inflamatório
sistêmico e a soropositividade para CMV. Em conjunto, estes achados
corroboram não somente nossa prévia observação que indivíduos Alelo 1 para
o gene do IFN-lambda podem apresentar um atraso na resposta imune ao vírus
e/ou vacinação, mas também a literatura ao indicar que o status sistêmico pró-inflamatório pode ser decorrente do menor controle da infecção pelo CMV, o qual
tem sido descrito nos indivíduos que apresentam esta discriminação alélica.
Descrição
Palavras-chave
SARS-CoV-2, Envelhecimento, Imunossenescência, Inflammaging, Imunoglobulinas, Citocinas
Citação
NARDY, Ariane. Impacto do polimorfismo para Interferon-Lambda sobre a resposta imune/inflamatória de idosos soropositivos para CMV vacinados com Coronavac. Orientador: André Luis Lacerda Bachi. Coorientadora: Carolina Nunes França. 2024. 70 f. Dissertação (Mestrado em Ciências da Saúde) — Universidade Santo Amaro, São Paulo, 2024.