Abstract:
Introdução: As Políticas Públicas sobre álcool e outras drogas se mostram um
desafio para os trabalhadores da área da saúde. Entre as lacunas observadas na
literatura, verifica-se a necessidade de uma compreensão dos métodos de
reinserção social e laboral dos indivíduos, bem como da sua reabilitação ao
convívio da vida autônoma. Objetivo: Verificar a qualidade de vida sob a ótica
da reabilitação e o perfil sociodemográfico de usuários de álcool e outras drogas
do CAPS-AD da Prefeitura Municipal de Embu das Artes-SP. Métodos: Estudo
observacional descritivo de corte transversal, no qual foram avaliados 42
dependentes químicos em reabilitação, 32 homens e 10 mulheres, com idade
média de 40,3 anos para os homens e 37,5 anos para as mulheres. Os
participantes foram divididos em três grupos: Grupo I (dependentes químicos sem
atividade laboral e sem percepção de benefício previdenciário, n=17; Grupo II
(dependentes químicos em percepção de benefício auxílio-doença e afastados
laboral, n=17 e Grupo III (dependentes químicos sem benefício previdenciário e
com atividade laboral e reintegrados, n=8). Os participantes responderam um
questionário semi-estruturado sobre questões sócio-demográficas e de
empregabilidade ou auxílio-doença. Em seguida, foi aplicado o questionário
“Medical Outco-mes Study 36 itens” (SF-36), para uma avaliação geral da
qualidade de vida dos participantes. Resultados: Durante o período entre junho
e agosto de 2018, 40% dos entrevistados encontravam-se afastados das
atividades laborais e em gozo de benefício previdenciário e o tempo médio de
uso de drogas dos indivíduos entrevistados era de 22,8 anos sendo que 19%
apresentavam-se abstinentes há mais de 6 meses. Constatou-se também que
apenas 31% apresentavam companheiro e 49 % possuiam renda familiar de até
dois salários mínimos. A qualidade de vida (SF-36) não apresentou diferença
estatística entre os grupos avaliados, porém o desempenho percentual dos
domínios quando comparados intra-grupos mostraram que os dependentes
químicos desempregados apresentaram maior prejuízo nos aspectos
emocionais, enquanto que no grupo de afastados as limitações físicas e os
aspectos sociais foram os mais prejudicados. A questão abstinência foi mais
relevante no grupo dos desempregados, em que 88% da amostra compunha
abstinentes há menos de 6 meses. Os indivíduos declaram-se na grande maioria
(69%) sem companheiro em relação ao estavo marital. Os indivíduos com auxíliodoença
por uso de substâncias apresentavam-se 47% abstinentes há menos de
6 meses, em contrapartida 37,5 % dos empregados apresentavam-se
abstinentes há mais de 6 meses. Conclusão: O benefício, seja ele previdenciário
ou salarial, obtido pelo labor, mostrou-se um fator protetor neste estudo, por estar
relacionado aos melhores índices de capacidade funcional do SF36, percepção
geral de saúde e saúde mental mas sem mudanças no escore total da qualidade
de vida.