Abstract:
Incidentaloma adrenal é uma massa adrenal identificada ao acaso durante exames de
imagem que não foram realizados devido à suspeita de doença adrenal. Na maioria
das vezes, os incidentalomas são representados por adenomas adrenocorticais não
funcionais, sendo considerados incidentalomas verdadeiros; mas também podem
incluir tumores que necessitam de intervenção terapêutica ou cirúrgica, a exemplo do
carcinoma adrenocortical, feocromocitoma, adenomas funcionais ou metástases. O
objetivo deste trabalho foi caracterizar os incidentalomas adrenais quanto aos
aspectos epidemiológicos, clínicos, laboratoriais, hormonais, ultrassonográficos, bem
como sua classificação histopatológica. Este trabalho constituiu em um estudo
retrospectivo observacional de uma série de vinte casos obtidos a partir de prontuários
clínicos de cães com incidentaloma adrenal submetidos à adrenalectomia, atendidos
no serviço de endocrinologia da clínica NAYA Especialidades entre o período de 2015
a 2018. Os resultados encontrados apontaram uma maior ocorrência em fêmeas
(75%), com idade média de 11 ± 1,68 anos. As raças mais acometidas foram o lhasa
apso e o maltês, sendo o peso médio dos animais 12,45 ± 9,95 kg. Onze animais
(55%) tiveram alterações laboratoriais, sendo a elevação da fosfatase alcalina a mais
frequente. Em relação aos testes hormonais, todos os animais que foram submetidos
ao teste de supressão com baixa dose de dexametasona tiveram resultados negativos
e dois (10%) tiveram o teste de estimulação com ACTH positivo. As adrenais
neoplásicas apresentaram comprimento entre 2,29 e 5,6 centímetros (média 3,20 ±
0,81 cm) e largura entre 1,03 e 7,3 centímetros (média 2,14 ± 1,33 cm). Em seis
animais (30%) foi observada formação nodular isolada em um dos polos adrenais e
os quatorze animais restantes (70%) apresentavam formação difusa na glândula
adrenal. Quanto aos achados histopatológicos, os adenomas adrenocorticais tiveram
características semelhantes aos dos carcinomas, como por exemplo, padrão de
crescimento trabecular, citoplasma eosinofílico, pleomorfismo, hemorragia e necrose
fibrinosa, além da presença de hematopoiese e vacuolização citoplasmática, que são
frequentemente encontrados nos adenomas. A presença do índice mitótico foi o
principal diferencial nos carcinomas. Os feocromocitomas apresentaram necrose
tumoral, alta taxa mitótica e alta celularidade como marcadores de malignidade. Ao
diagnóstico foram encontrados nove carcinomas adrenocorticais, sete adenomas e
quatro feocromocitomas. Em conclusão, os incidentalomas acometeram
principalmente fêmeas idosas de pequeno porte, e os carcinomas foram
diagnosticados com maior frequência. Por este motivo, sugere-se que o tratamento
cirúrgico dos tumores adrenais seja avaliado de forma criteriosa e indicado sempre
que possível, visto à grande ocorrência de tumores malignos em animais
aparentemente assintomáticos.