Fabricação da tristeza: melancolia e suicídio na metrópole paulista (1920–1930)

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Data
2023
Autores
Rocha, Thayná Alves
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Editor
UNISA
Resumo
A capital paulista, durante as primeiras décadas da República, reverbera narrativas promovidas pelas elites que a significava como centro moderno, cultural e econômico do país. Nesse cenário, o controle social das doenças, efetivado por ações higienistas e sanitaristas, invade a vida pública e privada criando diversas regras e padrões de convivência na urbe, estrategicamente usados para normatizar o viver na pauliceia. Os ideais republicanos em São Paulo, atravessados por modernizações científicas e tecnológicas, demarcam uma mudança nas concepções emocionais, inserindo-as nos debates e publicações médico-legais, pois os sentimentos ocupam posição de centralidade na vida social, intelectual e política da capital, forjando um novo sistema do sentir. Na cidade em ampliação, a promessa e o progresso material eram revelados pela alegria e pela felicidade impostas pela emergente paulistanidade. Dessa forma, os que não se enquadrassem nos padrões emocionais diagnosticados como saudáveis eram considerados imorais, anormais, doentios, pois inseridos no rol das insanidades encontram-se as tristezas e a morte voluntária. Diante desse quadro, a presente dissertação analisa a melancolia e o suicídio na cidade de São Paulo no decorrer dos anos 20 e 30 do século XX por intermédio do manual Psiquiatria Clínica e Forense, escrito por Antonio Carlos Pacheco e Silva. Partindo desse material, os problemas que nortearam a pesquisa permitem caracterizar como a medicina analisa a melancolia e o suicídio, permitindo reconhecer como a medicina atravessa discursivamente os sentimentos melancólicos, o desejo de morrer na cidade de São Paulo, isto é, como diagnósticos médicos refletem a metrópole paulista em transformação em relação à fabricação da tristeza, da melancolia e do suicídio. O material empírico, tratado a partir das perspetivas do método Análise de Conteúdo, em específico, das categorias de análise melancolia, suicídio, São Paulo, interpretadas a partir dos pressupostos da história do sentimento, permitem considerar que as práticas médicas foram responsáveis não somente pela patologização, medicalização e medicamentalização das emoções tristes ou das experiências sensíveis melancólicas, mas produziram um ideal de comunidade emocional ao definirem padrões que visaram normatizar e padronizar o viver e o sentir na sociedade paulista.
Descrição
Palavras-chave
História, Saúde, Interdisciplinaridade
Citação
ROCHA, T. A. Fabricação da tristeza: melancolia e suicídio na metrópole paulista (1920–1930). Dissertação (Mestrado em Ciências Humanas)—Universidade Santo Amaro, São Paulo, 2023.
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